Sem alvará, 'centro de cuidados' que atendia criança de 1 ano internada após fratura no crânio é interditado em Campinas
04/07/2024
(Foto: Reprodução) Menina frequenta creche pública e o centro de cuidados, que é privado. Polícia apura quando e onde ela foi ferida. Sem alvará, 'centro de cuidados' que atendia criança de 1 ano internada após fratura no crânio é interditado em Campinas
Reprodução/EPTV
A Prefeitura de Campinas (SP) multou e determinou o fechamento de um "centro de cuidados" na Vila San Martin por falta de autorização para funcionar.
O local atendia uma menina de 1 ano, que precisou ser internada após ser diagnosticada com uma fratura no crânio e hemorragia na região da cabeça.
O caso é investigado pela Polícia Civil como maus-tratos. A criança estava na unidade antes de ser levada ao hospital, mas ainda não se sabe onde ou como o ferimento foi causado (relembre abaixo).
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O espaço não tem autorização para funcionar como creche ou Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Além disso, não atendeu a uma primeira intimação no ano passado.
Na manhã desta quarta-feira (4) fiscais da Secretaria de Urbanismo foram até o endereço, mas não havia ninguém.
Ainda segundo a Prefeitura, os responsáveis pelo estabelecimento foram multados em R$ 4 mil e intimados a encerrar as atividades.
Menina continua internada
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, o pai, Jailson Pereira Uchôa, relatou que a menina passa o dia em duas unidades: durante a manhã, fica em uma creche pública na região do Parque Cidade e, à tarde, no centro.
Na terça-feira (2), uma equipe desse local teria percebido que a menina estava passando mal e a levou até uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Do posto, foi transferida pelo Samu até o Hospital das Clínicas da Unicamp, respirando com a ajuda de aparelhos.
Ela permanece internada na UTI pediátrica. De acordo com o pai, a criança passou por um raio-x e uma nova tomografia, que mostraram uma pequena melhora. O cérebro dela está desinchando, mas há uma hemorragia na parte de trás da cabeça, onde houve a fratura.
Procurado pela reportagem, um conselheiro tutelar da cidade explicou que, por enquanto, não receberam o caso.
Relembre o caso
Criança com fratura no crânio passou mal em creche particular, diz pai
Como os pais não podem buscar a criança, o transporte entre as duas unidades é feito pelo centro de cuidados. Na terça, às 14h49, Jailson recebeu uma ligação de funcionárias da segunda unidade dizendo que a bebê estava sendo levada ao posto de saúde porque estava desacordada e “molinha”.
“[As funcionárias] informaram que, quando pegaram ela na creche pública, estava chorando e não queria dar o colo, mas que aparentemente estava tudo bem. Ao chegar na creche particular, ela estava 'molinha' e sem respirar”, disse o pai.
Segundo Jailson, a versão dada pelas funcionárias do centro diverge da unidade pública. “Na escola pública, falaram que o horário que pegaram a menina foi às 14h20, e a escola particular fala que o horário que elas pegaram foi às 14h40. A primeira coisa que não bate é isso”, relatou.
“[Na creche pública] mandaram até um vídeo mais cedo dela dando os primeiros passos, porque ela está andando tarde, mas eles mandaram o vídeo dela e estava tudo bem. Falaram para mim hoje que estava tudo bem com ela, que entregaram ela bem, a própria tia que entregou ela me disse o horário que foi entregue”, disse Jailson.
Jailson Pereira Uchôa, pai da menina, foi acionado por funcionárias da unidade particular
Reprodução/EPTV
O que dizem as unidades?
O advogado William Lima, que representa a instituição particular, frisou que o espaço não é uma creche e se autodenomina um centro de cuidados. Disse, ainda, que a criança passou um tempo no local, mas não soube dizer quanto.
Além disso, o advogado relatou que a equipe buscou ajuda médica assim que percebeu o estado da criança e destacou que a documentação da unidade está em ordem com a prefeitura.
Em nota enviada à EPTV, a prefeitura detalhou que a criança chegou às 7h na creche pública, onde foi deixada pelos pais. “Até as 14h30, horário em que permaneceu na unidade, o tempo todo foi supervisionada por monitores e pela professora da sala e ficou bem, seguindo a rotina escolar”.
“Todas as intercorrências envolvendo aluno na escola são registradas e encaminhadas à família. Não houve nenhuma intercorrência envolvendo a criança e ela foi entregue sem nenhum sintoma para o responsável, que foi buscá-la às 14h30 na creche. A Secretaria de Educação está à disposição da família para prestar qualquer tipo de esclarecimento”, informou.
Além disso, a administração municipal disse que a unidade particular não possui o Selo Escola Bem Legal e, portanto, não é credenciada pela Secretaria de Educação. Até o momento, não há pedidos de credenciamento feitos à pasta.
Fachada do HC da Unicamp, em Campinas, onde menina está internada
Antoninho Perri/Unicamp
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